sábado, 31 de dezembro de 2011

Começa a grande aventura da televisão

A Memória do Brasil Preservada

1950-1969: A Pioneira.
1970-1979: Do Tamanho do Brasil.
1973-1975: Tupi, Uma Estação de Emoções.
1979-1980: Tupi, Mais Calor Humano.




A Televisão no Brasil nasceu por meio de um homem que não teve medo de ousar, seu nome era Assis Chateaubriand, ou Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, o “Chatô”, advogado, jornalista, nasceu no interior da Paraíba e foi criado em Pernambuco. - Era presidente da maior cadeia de jornais e rádios do hemisfério Sul, também era proprietário das três primeiras estações de TV do Brasil, por essas razões foi um dos maiores empresários de comunicação do país e considerado até nos dias atuais o
“Pai da Televisão Brasileira”

Assis Chateaubriand - o Chatô
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Seu império chegou a compreender quase 100 empresas, sendo 33 jornais, 25 emissoras de rádio, 22 emissoras de televisão, uma editora, 28 revistas, duas agências de notícias, três empresas de serviços, uma de representação, uma agência de publicidade, duas fazendas, três gráficas e duas gravadoras.
Tudo começou em 1924, com a aquisição de "O Jornal do Rio de Janeiro", mas só em 1959 que Chateabriand criou o Condomínio Associando, doando 49% de suas ações a 22 funcionários.
Em 1962, doou os 51% restantes. Nesta época tornou-se o maior conglomerado de comunicação do país, tendo a Rede Tupi de Televisão como seu principal veículo. Apesar de ter sido um homem com a coragem dos pioneiros, também foi uma figura muito controvertida na história da comunicação brasileira.
Em depoimento, Rubéns Furtado (foi diretor da Rede Tupi) conta-nos que Chatô (como era conhecido) resolveu fazer TV, porque foi desafiado e afrontado.
A General Elétric e a RCA foram as primeiras empresas americanas a construir transmissores e aparelhagens de televisão. Como ele tinha comprado transmissores para suas rádios, conhecia muito o general Sarnoff presidente da RCA.
Um belo dia ao visitar o general, ele deparou com um transmissor de televisão e perguntou:
- “Como é que se faz isso? - Dito
- Quero comprar um negócio desse e montar uma televisão no Brasil!”.
O general Sarnoff achou aquilo um absurdo e disse para Chateaubriand:
- "Televisão é um negócio só para países desenvolvidos e para empresas que tenham capacidade econômica. Como sua empresa não tem porte para isso e o Brasil é um país subdesenvolvido não há condições de ter televisão nas próximas décadas".
Isso irritou profundamente Chateaubriand, que imediatamente comprou dois transmissores para montar duas estações de TV no Brasil.
Sarnoff, que conhecia bem as maluquices de Chatô, disse:
- “Aqui nos Estados unidos, o número de receptores ainda é muito pequeno e a rentabilidade da televisão muito baixa. No Brasil não existe nem fábrica de televisores, como você vai montar transmissores de um negócio que nem receptores tem?”.
Chatô fez-se de surdo trouxe o primeiro transmissor de seis quilowatts para São Paulo e outro para o Rio de Janeiro montando duas estações de TV. A novidade chega ao Brasil no anonimato, pois as agências de propaganda não conheciam o negócio e também não haviam televisores aqui. A apenas um mês da inauguração da TV, Chatô é alertado por Walter Obermüller, diretor da NBC-TV, e se dá conta que vai fazer TV para ninguém assistir, pois não havia receptores no país. Com seu jeitinho brasileiro, Chateaubriand decidiu importar 200 televisores dos Estados Unidos, mas, ao descobrir que a alfândega atrasaria seus planos em 30 dias, não teve dúvidas:
“Então traga de contrabando. Eu me responsabilizo.
O primeiro receptor que desembarcar eu mando entregar no Palácio do Catete, como presente meu para o presidente Dutra.”
Ele importou também trezentos aparelhos televisores dos EUA, que foram colocadas a venda pelas lojas Cássio Muniz.
Para financiar seu empreendimento, Chateaubriant conseguira em 1947, contratos com a Seguradora Sul América, a Antártica, a laminação dos Pignatari e o Moinho Santista.
Essas empresas pagaram adiantado um ano de publicidade a cadeia dos associados, fornecendo parte dos 16 milhões de cruzeiros pagos a RCA Victor norte americana pela compra de uma estação de TV.

No dia 18 de Setembro de 1950, é inaugurada a 1ª TV Brasileira, e segunda da América, a primeira da  América Latina e também do Hemisfério Sul, a quarta do Mundo (depois de EUA, Inglaterra e França), a PRF-3-TV Tupy-Difusora - canal 3.
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Só depois das comemorações e que o primeiro programa foi ao ar, alguém se lembrou de que não havia programação para o dia seguinte.
Assim, - Nossa TV nasce do puro improviso!

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PRG3 Rádio Tupi Rio

Da Rádio Tupi para a TV Tupi
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PRF 2 TV Tupi Difusora
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Primeiro logo da TV, utilizado da rádio Tupi Difusora
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Marca TV Tupi
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PRF 3 TV Tupi Difusora


No fim dos anos 1940, Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, esse paraibano, advogado por formação, jornalista por vocação e um dos maiores empresários do século XX, começava a tornar reais algumas de suas mais ousadas previsões. Amava os jornais impressos, mas acreditava que eles estavam com os dias contados.
Em 1931, chegou a profetizar para Paulo Machado de Carvalho, que vinte e dois anos depois fundaria a TV Record:
“No futuro, esse negócio de rádio vai crescer de tal maneira que irão surgir rádios pequeníssimos, como uma caixa de fósforos. Os jornais impressos estão atrasados. Eu temo pelos jornais”.

Esse temor era a força que impulsionava Chatô a buscar pelo mundo as mais modernas formas de geração e transmissão de informação, sem, é claro, deixar de investir no meio impresso. Com seus Diários e Emissoras Associados, chegou a compor a maior rede de jornais do mundo (eram quase cem em todo o Brasil), além de quase trinta estações de rádios, as duas maiores revistas para adultos do país, doze revistas infantis, agências de notícias e propaganda. Fora do ramo de comunicação, também investiu em segmentos que, na época, eram os que mais anunciavam (justamente para que anunciassem ainda mais): indústrias químicas, farmacêuticas e alimentos.

Além disso, fundou o MASP – Museu de Arte de São Paulo e criou diversas fazendas modelo em todo o país, e que muitos dizem ter sido a versão tupiniquim de William Randolph Hearst.
Chateaubriand sofreu uma trombose cerebral em 1960. Ficou paralisado e quase não podia falar. Um ano antes, ele decidiu dividir o controle das suas empresas com 23 funcionários, que se tornaram condôminos. Nasceu assim o condomínio dos Associados, que iria comandar a TV Tupi até a sua falência, em 1980. Chateaubriand morreu bem antes disso, em 1968.
Chateaubriand era proprietário de jornais, revistas e emissoras de rádio (entre elas a Rádio Tupi e a Rádio Difusora de São Paulo). Com o dinheiro de suas empresas comprou equipamentos nos Estados Unidos e trouxe a televisão para o Brasil, criando assim a TV Tupy Difusora.
Artigos de jornais e revistas da época tratavam a vinda da Televisão para o Brasil com êxtase. Obviamente, tudo era muito rústico.
Os equipamentos eram enormes, tudo era muito precário, ao vivo e em preto e branco. A programação só ficava três horas por dia no ar, sempre a partir das 20 horas.
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Transmissores da Tupi
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1948
No Brasil, a primeira transmissão ocorreu por conta do técnico em eletrônica Olavo Bastos Freire, que construiu os equipamentos necessários e no dia 28 de setembro de 1948, fez a transmissão de uma partida de futebol na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, em monitores de 3 polegadas.
Olavo Bastos Freire, no círculo
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1949
Uma experiência breve e malsucedida foi realizada nos estúdios da Rádio Nacional, no Rio de Janeiro, a emissora recebeu técnicos franceses interessados em vender-lhe a primeira estação de TV no Brasil. "Pensamos primeiro que fosse uma filmagem da Atlântida, mas não", conta Renato Murce em Os Bastidores do Rádio.
Dois receptores foram instalados na Avenida Rio Branco, a principal da cidade, enquanto os locutores da rádio convidavam o povo para assistir. As primeiras imagens foram as do programa de auditório do famoso Paulo Roberto, "Nada Além de Dois Minutos" - um título adequado à transmissão: a multidão de telespectadores frustrou-se com imagens borradas, e a diretoria da Rádio Nacional recusou o negócio achando que a TV não teria futuro.
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1950
A Televisão no Brasil tem sua pré-estréia no dia 03 de Abril de 1950, com a apresentação do ex-ator Frei José Mojica, padre cantor mexicano. As imagens são geradas do estúdio localizado na Rua 7 de Abril, centro de São Paulo, elas não passam do saguão dos Diários Associados, onde há alguns aparelhos de TV instalados. O transmissor da RCA é colocado no topo do edifício do Banco do Estado de São Paulo, no início da Avenida São João.
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Frei José Mojica
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Show na transmissão em 1950
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No dia 25 de março de 1950, os equipamentos comprados da RCA (Radio Corporation of América) por Chateaubriand são retirados por seus funcionários no Porto de Santos em São Paulo, Lolita Rodrigues e Hebe Camargo estão junto com Chatô para receber os equipamentos vindos dos EUA.
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Chatô no Porto de Santos
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Hebe Camargo e os equipamentos no porto de Santos
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Lolita Rodrigues, posa junto a uma câmera RCA em Santos
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Do dia 20 à 26 de Julho de 1950, acontecem transmissões de um show chamado "Vídeo Educativo", no auditório da Faculdade de Medicina de São Paulo. Os equipamentos utilizados são da General Eletric em conjunto com a E. R. Squibb e Sons do Brasil Inc. A antena transmissora é instalada na torre do hospital das Clínicas e a receptora no edifício Saldanha Marinho, na rua Líbero Badaró, em São Paulo.


Os estúdios da Tupi foram montados no prédio da Cidade do Rádio, sede da Rádio Tupi Difusora, no Sumaré. Depois de poucos meses de treinamento, alguns radialistas escolhidos por Assis Chateaubriand, o "Chatô", lançaram-se à aventura de fazer TV. Os estúdios eram pequenos, mas o nascimento foi solene.
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Homero Silva e Assis Chateaubrian
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Em 10 de Setembro de 1950, realiza-se a transmissão pela TV Tupi (ainda em fase experimental) de um filme em que Getúlio Vargas fala sobre seu retorno à vida política.

O pioneiro Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, nascido em Umbuazeiro, Paraíba, no dia 05 de Outubro de 1892, dono dos Diários Associados, cadeia de jornais e emissoras de rádio, realiza seu grande sonho: inaugura no dia 18 de Setembro de 1950, a TV Tupy de São Paulo, PRF-3 TV, canal 3, cuja razão social é Rádio e Televisão Difusora.
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O Chatô
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Chateaubriand importa duzentos aparelhos de TV e espalha-os em lugares estratégicos da cidade de São Paulo, na Praça da República, no Jockey Clube, e os outros pontos da cidade, como a sede dos Diários Associados na rua 7 de Abril, na Praça Ramos, em frente ao Teatro Municipal, Praça da Sé, e na antiga loja do Mappin mostravam a novidade.
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Poucos aparelhos de TV tinham sido vendidos até o dia 18 de setembro de 1950, um televisor custava, nessa época, 9 mil cruzeiros, três vezes mais caro que uma boa vitrola. Só as pessoas mais ricas podiam comprar um aparelho.
No dia da inauguração da Televisão, apenas seis aparelhos tinham sido vendidos. Mesmo assim o rádio deixava de ser o único veículo de comunicação. 
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Família reunida diante de um dos 6 aparelhos de TV vendidos em 1950
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A foto original
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A TV faz sucesso, mas o problema está em manter uma programação diária. As pessoas envolvidas no projeto trabalharam durante semanas para a inauguração e agora tinham apenas um dia para a preparação da programação do dia seguinte.
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Demerval Costa
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O roteiro da estréia fica a cargo de Demerval Costa Lima que se torna o primeiro diretor de roteiro da TV Tupi.
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Equipamentos da Tupi
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A Cerimônia
A cerimônia de inauguração da TV Tupi e, conseqüentemente, da televisão brasileira no dia 18 de setembro de 1950, iniciou às 17:00 horas, nos estúdios do Sumaré, foram feitas as primeiras imagens, com os discursos de David Sarnoff e Assis Chateaubriand. Às 19 horas, a transmissão passou a ser direto do Jockey Club de São Paulo, onde se realizariam diversas apresentações musicais, infantis, humorísticas e até esportivas no especial “TV na Taba”, que se encerrou às 23h30min com Lolita Rodrigues cantando o “Hino da TV”.

Tudo foi feito ao vivo (ainda não havia o videoteipe), sem intervalos comerciais e de forma improvisada, já que uma das três câmeras que seriam utilizadas quebrou instantes antes do inicio das transmissões e todas as marcações de cena tiveram de ser refeitas.
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Primeiro dia da Tupi, 18 de setembro de 1950
Algumas horas antes da transmissão, uma das câmeras (são apenas três) quebra e o engenheiro americano, Walter Obermiller, responsável pela implantação técnica, acha melhor adiar, mas o diretor artístico, Cassiano Gabus Mendes, então com 23 anos, decide ir ao ar assim mesmo.
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 Cassiano Gabus Mendes
Diretor Artístico
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Antes da inauguração
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Teste de câmera - 1950
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Depois da cerimônia, Chateaubriand foi para o jantar festivo, e nem soube de um pequeno problema...
Quebrou-se uma das três únicas câmeras que foram importadas. Conta Jorge Edo, o responsável:
No estúdio A, foram instaladas duas câmeras, os câmeramen
- A Primeira com Walter Tasca.
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Walter Tasca o primeiro cameraman da América Latina
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- A segunda com o Carlos Alberto de Oliveira.
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Carlos Alberto com Sônia Maria Dorce no colo
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No estúdio B, o pequeno, a terceira câmera, para os artistas.
- A terceira Álvaro Alderigi.
Walter Tasca foi o primeiro Câmeraman da América Latina, os três primeiros câmeraman foram: Walter Tasca, Carlos Alberto de Oliveira e Álvaro Alderighi, utilizavam câmera RCA da TV Tupi SP.


De repente, o susto: - a câmera do estúdio B quebrou.
Perguntei ao engenheiro americano Walter Obermiller, da RCA:
"E agora?".
Ele empalideceu:
"Suspenda tudo".
Entendi que não ia suspender nada. Chamei o Tasca e disse:
"Você faz sua parte no A e corre para o B e depois volta".
"Tá." E assim foi.
E houve a festa; ninguém soube do problema. Foi assim que inventamos o jeitinho brasileiro, já no primeiro dia da nossa televisão.

O Bispo D. Paulo Rolim abençoou os estúdios.
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Rosalina Coelho Lisboa, governador Ademar de Barros, Dom Paulo Rolim
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Ali estava o governador de São Paulo e a "Madrinha da TV", a poetisa Rosalina Coelho Lisboa Larragoiti.
O estúdio principal ficou lotado.
Assis Chateaubriand fez um breve discurso e inaugurou a TV no Brasil.
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1- Wilma Bentivegna, cantora, e o Grupo "Os 4 Amigos" cantaram na estréia.
(Wilma Bentivegna e Sidney Moraes cantam até hoje).

2 - Homero Silva, grande locutor e a menina Sônia Maria Dorce e mais crianças apareceram no programa inaugural. Homero dirigia o programa: "Clube do Papai Noel".

3 - 1950 - O diretor geral da TV Tupi, Demerval Costa Lima, e esposa, Sarita Campos. Noite de inauguração.

4 - Tito Bianchini, que era câmera man diz: "Nós éramos verdadeiros astronautas para as garotas da época. Elas pensavam que tínhamos vindo do "espaço".

5 - Jorge Edo, o primeiro técnico, dando explicações ao bispo Paulo Rolim, no estúdio, na noite de estréia.

6 - Yara Lins deu, ao vivo, o nome das emissoras associadas de rádio que iriam transmitir a solenidade, e elas eram mais de 20.

7 - Paulo Leblon escreveu a "Escolinha do Ciccilo", para a estréia. Seu esquema de humor funciona há 50 anos.

8 - A bailarina Lia Marques, estava no dia da estréia. Ela foi a primeira bailarina por muitos anos.


A transmissão acontece das 18 às 23h e os profissionais vêm do rádio, jornal e teatro. Juntos buscam descobrir e desenvolver a nova linguagem que a televisão exige.

Inicia a inauguração da transmissão

"Está no ar a TV no Brasil", frase dita por Sônia Maria Dorce, então com 5 anos, como uma indiazinha com um cocar e uma tiara de anteninha na cabeça, como a logomarca.
Sua imagem é a primeira a aparecer na TV brasileira.
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Sônia Maria Dorce
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Uma jovem atriz chamada Yara Lins foi convocada especialmente para dizer o prefixo da emissora – PRF3 Canal 3 de São Paulo (tempos depois é que mudou para o Canal 4).
Foi o segundo rosto a aparecer na televisão brasileira, no dia 18 de Setembro de 1950. A jovem atriz foi convocada especialmente para dizer o prefixo da emissora - PRF-3 - e o de uma série de rádios que transmitiam em cadeia o acontecimento. Ela iniciou dando os prefixos de todas as rádios dos Diários e Emissoras Associadas do Brasil!
As do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Minas Gerais, do Nordeste, do Sul..., de todas!
Ela não sabia como decorou todos esses prefixos, sendo que um erro qualquer seria fatal! Yara Lins não parou só nos prefixos, continuando, Os três últimos seriam:
..."PRF-3 Rádio Difusora, São Paulo; PRG-2 Rádio Tupi São Paulo e PRF-3 TV Tupi São Paulo".
" - Senhoras e Senhores telespectadores, boa-noite; a PRF 3 TV - Emissora Associada de São Paulo orgulhosamente apresenta, neste momento, o primeiro programa de televisão da América Latina".
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Yara Lins
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A jovem atriz Yara Lins diz especialmente o prefixo da emissora: PRF-3.
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Yara Lins
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Em cerimônia solene que contou com um hino especialmente composto para a ocasião, chamado "A Canção da TV", na inauguração a cerimônia teve como anfitrião o jornalista Arnaldo Nogueira e também deveria ser apresentado por Hebe Camargo, que não pode comparecer e Lolita Rodrigues a substituiu e cantou o "Hino da Televisão", logo a apresentação de Yara Lins.

Hebe Camargo, que estava convocada para este dia, mas que por motivo de saúde, apareceu no ar só no segundo dia.

Precisamente, às 17h, Homero Silva convida Lolita Rodrigues a cantar "O Hino da TV" ou "Canção da TV"; composto especialmente por Marcelo Tupinambá, com letra de Guilherme de Almeida.
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Lolita Rodrigues
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Às 22h – uma hora depois do previsto – uma breve apresentação inaugurou oficialmente a TV Tupi.
“Senhoras e senhores, boa noite. A PRF3-TV, Emissora Associada de São Paulo, orgulhosamente apresenta neste momento o primeiro programa de televisão da América Latina”.
Foram as palavras que antecederam a apresentação de TV na Taba, que contou com a participação de Lima Duarte, Lolita Rodrigues, Mazzaropi e Walter Foster, entre outros artistas.
Homero Silva
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Participam também: Ciccilo, Vadeco, Ivon Cury, Wilma Bentivegna, Aurélio Campos, o jogador Baltazar, a orquestra de George Henri, a poetisa Rosalina Coelho Lisboa e o balé de Lia Aguiar.

O programa continuou indo para o ar “na base do jeitinho”, apresentado por Homero Silva.
O apresentador recebia dois visitantes, explicando-lhes a utilidade da TV:
- Leva cantores para dentro dos lares (e pode-se ver Lolita Rodrigues cantando o hino da televisão),
- Faz rir (numero cômico de Mazaroppi),
- Pode mostrar o esporte (Aurélio Campos falou de futebol),
- Divulga o teatro (falam Valter Foster e Lima Duarte) etc...
Apresentaram-se também Lolita Rodrigues, Mazzaropi, Aurélio Campos, Walter Foster e Lima Duarte.


Em seguida, foi ao ar uma série de atrações que incluíam concertos clássicos, esquetes humorísticos e apresentação de cantores do rádio.
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A transmissão continuou com o balé de Lia Marques e declamação da poetisa Rosalina Coelho Lisboa, nomeada madrinha do "Moderno Equipamento", fizeram parte do show.
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Bailarina Lia Marques
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Poetisa Rosalina Coelho Lisboa
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Às 23:00 horas, quando terminou o programa, a equipe da TV Tupi que o havia ensaiado durante vinte dias para a inauguração, encontrava-se diante de um angustiante problema:
O que fazer no dia seguinte? - Nada havia sido preparado.

O Dia Seguinte, 19 de setembro de 1950
A improvisação marcou o inicio da TV, na noite do dia seguinte a inauguração da TV Tupi, foi ao ar o primeiro telejornal, “Imagens do Dia”, escrito por Rui Rezende minutos antes da transmissão.


O Jornal Imagens do Dia foi ao ar entre às 21h30 e 22h, pelo recorde de “Primeiro Telejornal” do Brasil.
O jornal Imagens do Dia teve sua estréia um dia após a fundação da TV Tupi de São Paulo, e existem controvérsias sobre quem foi seu primeiro apresentador, alguns afirmam ter sido Ribeiro Filho, outros apontam Maurício Loureira Gama, e outros ainda citam Ruy Rezende, mas o que sabemos é que com o passar do tempo Loureiro Gama tornou-se jornalista oficial do telejornal.

- As reportagens são feitas com câmeras Auricons de cinema com filme 16 milímetros.
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Câmera Auricon
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Dependendo da região do país onde estão, precisam revelar o filme e levá-lo de avião até São Paulo ou Rio de Janeiro, onde ficam os estúdios. Chegam, geralmente, em cima da hora, quando chegam. Rui Rezende além de apresentar, produz e redige as matérias. Os cinegrafistas são: Jorge Kurkjian, Paulo Salomão e Alfonsas Zibas que utilizam o laboratório caseiro na residência de Kurkjian para revelarem os filmes antes de enviá-los à TV. Profissionais vindos do rádio, cinema, teatro e jornalismo começaram a aprender televisão, em permanente luta contra o tempo. As transmissões eram feitas ao vivo, pois não havia o vídeo tape.
Maurício Loureiro disse em depoimento:
- "No dia seguinte ao primeiro noticioso, Imagens do Dia, na Tupi de São Paulo, em 19 de setembro de 1950, Rui Rezende foi abordado na rua Marconi por uma senhora que reclamou que ele havia sido arrogante, não falara 'com ela', sentada diante da televisão fazendo um crochezinho. Aquela senhora já vira televisão, havia morado em Nova York. A partir daí, Loureiro Gama passou a escrever suas notícias como se fossem uma conversa com alguém, 'uma peça de teatro'. Chateaubriand telefonou para cumprimentá-lo por ser o único que sabia falar na televisão. Com a ajuda de uma telespectadora, Gama tinha descoberto a diferença entre as duas linguagens, a da tevê e a do rádio."

Propaganda
Na fase experimental, a TV Tupi contou com o apoio da GOIABADA PEIXE, que bancou a viagem e toda estadia do Frei José Mojica. 
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José Mojica
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O patrocinador ainda financiou shows do cantor mexicano pelo país e sua vinda para a estréia da PRG-3 TV TUPY do Rio de Janeiro, em janeiro de 1951.
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A PERMUTA
As companhias ANTÁRCTICA PAULISTA, LAMINAÇÃO F. PIGNATARI, SULAMÉRICA SEGUROS e MOINHO SANTISTA eram as marcas patrocinadoras do evento. Estes patrocinadores viabilizaram também a compra dos equipamentos da TV, a montagem e a viagem dos Estados Unidos para cá. Em troca teriam carta de crédito na TV Tupi para ocuparem em 1950 os “Interprogramas”, como eram chamados os comerciais.
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Entre os programas, eram transmitidos filmes de 16 mm (documentários cedidos por consulados). No começo não havia filmes publicitários.
O apoio dos patrocinadores foi conquistado não só por Chateaubriand, mas por Fernando Severino, primeiro e único diretor comercial da Tupi (trabalhou na emissora até 1980).
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 Assis Chateaubriand
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TORRE DO BANESPA
Apesar de sempre citarem a primeira torre da TV Tupi no alto do Edifício Altino Arantes ( o popular "Banespão"), em São Paulo, o Banco do Estado de São Paulo S.A não foi um dos primeiros patrocinadores da TV. Ele tinha contrato de locação de espaço com os Diários Associados. Contrato desfeito apenas em 1968, na venda da TV Cultura para a Fundação Padre Anchieta e a retirada dos transmissores e da torre de lá.
Em 1960, a TV Tupi possuía sua torre no Banespão, transferindo-a para o Sumaré, neste ano. E em seu lugar foi colocada a da TV Cultura (canal 2), sua irmã-caçula, que pertencia também aos Diários Associados.
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Antena da TV Tupi PRF 3
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Torre do Banespa
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A MADRINHA DA TELEVISÃO
Essa cartela dos primeiros patrocinadores se deve principalmente à influência do dono dos Diários Associados, Assis Chateaubriand. Influência que fez com que a poetisa Rosalina Coelho Lisboa Larragoiti - uma das mais importantes da época - aceitasse o convite para ser a madrinha da TV brasileira. E foi. Estava lá, ao lado de Lia de Aguiar, no TV NA TABA.
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Rosalina Coelho Lisboa Larragoiti
Madrinha da Televisão
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Mas por trás de Rosalina Coelho Lisboa havia um dos primeiros patrocinadores da televisão. Ela era casada com Antônio Larragoiti Júnior, empresário e presidente da SULAMÉRICA SEGUROS (atual "SUL AMÉRICA SEGUROS"). Antônio Larragoiti faleceu em 1995 e Rosalina em 1975.
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PRIMEIRO PATROCINADOR DE PROGRAMA
Entre os convidados para o show de estréia, TV na Taba, estava Mazzaropi, que com isso se tornou o primeiro humorista na TV. Em poucos dias a emissora lançou Mazzaropi à frente do programa Rancho Alegre. Ia ao ar toda 4ª feira, às 21h00, sob a direção de Cassiano Gabus Mendes e patrocínio da PHILCO, que se tornou então o primeiro patrocinador de programas da TV brasileira.
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TRANSPORTES PATROCINARAM OS PRIMEIROS TELEJORNAIS
A Viação Cometa, de ônibus rodoviários, foi o primeiro patrocinador de telejornal do país. Foi ela que patrocinava o telejornal Imagens do Dia, da TV Tupi, a partir de 1950.
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Viação Cometa
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O segundo patrocinador foi a empresa aérea PANAIR, que deu até nome ao programa: TELENOTÍCIAS PANAIR, sucessor do Imagens do Dia. Era apresentado por Toledo Pereira.
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PRIMEIRO COMERCIAL DE INTERPROGRAMA
Conforme Fernando Severino, o primeiro comercial isolado da TV foi das PERSIANAS COLÚMBIA, apresentado pelo futuro apresentador Ayrton Rodrigues, nos primeiros dias da TV Tupi.
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Nos anos 50, a Bombril patrocinou o Circo Bombril, com apresentação de Walter Stuart, pai do cineasta Adriano Stuart, e tinha como garota propaganda Elisabeth Darci, mãe do comentarista esportivo Silvio Luiz.
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TROL
A Trol era uma das principais fábricas de utilidades de plásticos e de brinquedos do país. Ela patrocinava o Teatrinho Trol, de 1956 a 1966.
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Devido ao pequeno numero de televisores (e de telespectadores), as propagandas nesse veículo eram muitas vezes oferecidas como brinde aos anunciantes da cadeia dos associados.
Apesar de não produzirmos aparelhos de TV, não ter público e o mercado publicitário ainda ser jovem, Chateaubriand vende um ano de espaço publicitário de televisão para as empresas: Sul América Seguros, Antárctica, Moinho Santista e empresas Pignatari (Prata Wolf).
Um segundo de publicidade tinha um custo de 200 cruzeiros, bem mais barato que a propaganda em rádio ou em revistas, devido ao pequeno número de aparelhos existentes (em 1951, havia só 375 televisores em São Paulo). 


GAROTA PROPAGANDA
A primeira garota propaganda, Rosa Maria, foi ao ar na seção Tentação do Dia, para anunciar oferta da Marcel Modas. Num canto, a mesa com a mercadoria e um cartaz ao fundo. Todos tinham de ficar em silêncio no estúdio. O comercial acabava e a correria para arrumar o cenário do próximo programa recomeçava.
Com o sucesso, logo outras moças foram contratadas:
- Marly Bueno, Neide Alexandre, Marlene Morel, Nely Reis, Marlene Maria no, Idalina de Oliveira, Meire Nogueira.


Cresceu o corre corre do estúdio:
- Produtos expostos e tira dos rapidamente, cenários montados e desmontados. Gafes eram comuns: eletrodoméstico que não funcionava; porta que devia abrir emperrava. As garotas tinham de improvisar alguma saída, sem perder o charme nem a simpatia.
A partir de 1954, a propaganda tornou-se mais profissional, a renda aumentou e cada garota propaganda ganhou seu próprio estúdio. A cada intervalo entravam quatro ou cinco comerciais. Queridas e admiradas, as garotas alcançavam fama de estrelas, status perdido na década de 1960, com a chegada do video teipe.


A pressa fazia as moças cometerem gafes:
- "Num comercial da Probel, por exemplo, a garota devia demonstrar a “facilidade” com que o sofá se transformava em cama. Diante das câmaras, porém, o sofá enguiçou. Depois de uma autêntica luta livre entre a moça e o sofá, veio um bombeiro ajudá-la".
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Rosa Maria
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Neide Aparecida, vedete e atriz de grande talento, a Garota-Propaganda que aparcecia muito mais do que a Geladeira de anunciava.
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Neide Aparecida
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Propaganda da Erontex, patrocinador do programa de Hebe Camargo - 1963
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Programação
A programação da Tupi ia ao ar das 18h as 23 h, havia circo, de que participavam os palhaços Fuzarca e Torresmo, contratados ainda em 1950.

Os primeiros Shows também ficaram na memória dos telespectadores, é o caso do “Desfile Musical Jardim”, produzido por Ribeiro Filho.

Em Novembro de 1950, estréia o teleteatro "A Vida por um Fio", adaptação do filme americano "Sorry, Wrong Number", Cassiano Gabus Mendes dirigiu o primeiro Teleteatro.
Drama policial com direção de Demerval Costa Lima e Cassiano Gabus Mendes, estrelando Lima Duarte, Lia de Aguiar, Walter Forster, Dionísio Azevedo e Yara Lins. Conta a história de uma mulher (Lia de Aguiar) que morre estrangulada pelo marido com o fio de telefone.
As apresentações eram ao vivo, se alguém se atrapalhasse, nada podia salvá-lo.

"Imagens do Dia" foi o primeiro telejornal brasileiro, tendo sido lançado em 19 de setembro de 1950. O apresentador somente lia a notícia, que já havia saído na imprensa escrita e no rádio. Era quase impossível sair do estúdio e gravar imagens externas devido ao peso e a dificuldade de se manusear os equipamentos.

"Rancho Alegre" foi ao ar pela primeira vez em 20 de setembro de 1950, o primeiro programa humorístico da tevê no Brasil. Inicialmente, à semelhança da rádio, Mazzaropi apresenta-se sozinho, mas em poucos dias, a direção resolve lançar o programa Rancho Alegre com Amácio e a atriz Geny Prado.
Toda 4ª feira, às 21h00, sob a direção de Cassiano Gabus Mendes e patrocínio da Philco, o primeiro patrocinador da TV brasileira.
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Mazzaropi, Geny Prado e João Restiff
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Em 20 de janeiro de 1951, Mazzaropi é enviado para o programa inaugural da TV Tupi do Rio, “o maior caipira do rádio brasileiro”. Mazzaropi agrada. Sucesso estrondoso. Passa a apresentar um quadro na TV Rio toda quinta, à noite. Mazzaropi trabalha na Rádio e TV Tupi de São Paulo e do Rio de Janeiro.Contou com a presença do comediante Mazzaroppi e foi ao ar pela primeira vez em 20 de setembro de 1950.

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Amácio Mazzaropi no estúdio
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O programa era marcado por muita improvisação, cenário precário e durava no máximo 20 minutos.
Se Hebe Camargo não cantou o hino da TV na noite da inauguração da TV Tupi, ela estava na programação ainda de 1950, apresentando, ao lado do cantor Ivon Cury, no programa “Rancho Alegre”.
Hebe Camargo e Ivon Curi, com rosto colado, entoaram com olhar maroto:
“Que beijos nós vamos trocar! / Não tem ninguém por perto, / E a noite é de luar...”.
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Ivon Cury e Hebe Camargo
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"Gurilândia" foi o primeiro programa infantil da TV brasileira e estreou em outubro de 1950.

Dessa maneira, a programação da tevê era curta e se resumia em pequenos shows musicais, humor, teleteatro, telejornais e filmes, geralmente legendados. Os desenhos animados e as séries estrangeiras só puderam ser transmitidos um pouco mais tarde, quando chegaram os novos equipamentos necessários para esse tipo de transmissão. Até então tudo era feito somente ao vivo.


Em 22 de Novembro de 1950, são autorizadas as concessões para TV Record e TV Tupi (São Paulo), TV Jornal do Comércio (Recife), inicia a concorrência no setor.

O teleteatro foi importante, pois ajudou a tevê a descobrir a sua própria linguagem. Os atores famosos do teatro davam "status" à programação televisiva. Mas devido a diferenças de linguagem, os profissionais do rádio e do teatro que foram para a tevê tinham dificuldades: as expressões eram exageradas, os atores falavam alto como se não existisse microfone e não respeitavam as marcações das câmeras, deixando os cinegrafistas completamente perdidos.
O primeiro teleteatro de importância estreou em 1951 e se chamava “Grande Teatro Tupi”.

Em 1951, surgiu “Circo na TV”, apresentado por Walter Stuart e patrocinado por Bom Bril.

A programação cresce
Em 1952, a emissora inaugurou um novo programa, o “TV de Vanguarda” idealizado por Cassiano Gabus Mendes para divulgar os clássicos da literatura mundial. 

- "TV de Vanguarda", levado ao ar em São Paulo a partir de 17 de agosto de 1952, tinha um apresentador que contava histórias que eram seguidamente interpretadas.
- Vale dizer que o programa revelou uma primeira geração de atores, atrizes e diretores. Nele foram apresentadas peças como Hamlet e Crime e Castigo.

- "O X do Problema" era um tele-teatro policial;

- "Fábulas Animadas" foi ao ar em São Paulo a partir de 03 de abril de 1952;

- "Tele-teatro Infantil" apresentava, quem diria, O Sítio do Pica-Pau Amarelo, com texto de Monteiro Lobato, adaptado por Tatiana Belink;

- "O Céu é o Limite" já era apresentado na década de 1950. Tratava-se de um programa de perguntas e respostas que dava prêmios aos seus participantes;

- Logo em 1950/51, a Tupi apresentava o "Clube dos Artistas" às 20h das quartas-feiras. Havia apenas uma câmera, pois as outras duas iam para o estúdio do Pacaembu em São Paulo, para televisionar o futebol.

A primeira transmissão esportiva da televisão brasileira foi pela TV Tupi, no “Jogo de Futebol” entre São Paulo X Palmeiras, no Pacaembu, dia 15 de outubro de 1950.

- A primeira fase da telenovela brasileira ocorreu na TV Tupi entre 1951 e 1954 com "Marcelino Pão e Vinho". Ao seu término, foi transmitida (sempre ao vivo) a novela "Máscara de Ferro" com Henrique Martins.
Tudo vinha do rádio, autores, técnicos, elenco, etc. Tinham poucos capítulos e eram transmitidas ao vivo, duas vezes por semana.

- Em 1951, Walter Foster tomou Vida Alves nos braços, atraiu-a para si e beijou-lhe a boca. Acontecia enfim a cena que “teventes” (termo da época) aguardavam com ansiedade. Fora dado o primeiro beijo da historia da televisão brasileira....”beijinho insosso”, diria mais tarde o galã, “de boca fechada, sem demorar muito”. Mas um beijo, de qualquer forma. A cena se passava na primeira telenovela da Tupi, “Sua Vida me Pertence”, começada a 21 de dezembro de 1951. Apesar do numero reduzido de capítulos (entre 15 e 20), a novela, apresentada duas vezes por semana, despertou o entusiasmo do público.

- Em 1964, as novelas passaram a ser exibidas diariamente.
- Mas foi somente com a novela "O Direito de Nascer" que a Tupi conseguiu repercussão nacional, no ano de 1964. A trama era cubana e já havia sido adaptada para a rádio. Seu final teve duas festas comemorativas: uma no Ginásio do Ibirapuera em São Paulo e outra no Rio de Janeiro.

- Em 1968 surge então a novela "Beto Rockfeller", que retratava o cotidiano do brasileiro, direcionada para atrair o telespectador masculino, uma verdadeira revolução.

Alguns programas dos primeiros tempos da TV Tupi tornaram-se campeões de audiência.
Foram os casos de:
"Alô Doçura" (uma imitação da sitcom americana "I Love Lucy" protagonizada por Eva Wilma e John Herbert),
Sítio do Pica-Pau Amarelo,
O Céu é o Limite (com J. Silvestre),
Clube dos Artistas (que foi ao ar entre 1951 e 1980),
 e o famoso telejornal Repórter Esso. Os locutores Heron Domingues e Gontijo Teodoro entravam no ar com as últimas notícias nacionais e internacionais ao som de um dos mais famosos prefixos musicais da história.
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Curiosidades
Há muitas histórias a respeito início da TV.
- Uma delas é que na inauguração, empolgado, Chateaubriand teria quebrado uma garrafa de champanhe numa das duas câmeras, fazendo com que a tevê no Brasil entrasse em cena com apenas 30% de sua capacidade.

- Outra estória é que acabada a inauguração, a equipe se deu conta de que não havia o que colocar no ar no dia seguinte, pois ninguém havia pensado nisso.

- Nas apresentações ao vivo, se alguém se atrapalhasse, nada podia salvá-lo. Foi o caso de Alberto Maduar e Nelson Coelho, que certa vez representaram um duelo. Dando um passo em falso, um deles derrubou o cenário veneziano. O câmeramen desvia-se do desastre e procurou focalizar em close só o rosto dos atores. Mas eles estavam tendo um acesso de riso... nervoso.

- Artistas estrangeiros também faziam sucesso, como a “rumbeira” cubana Rayito de Sol. Durante sua transmissão, a diretoria da Tupi recebeu um telefonema da família Whitaker, anunciante dos Associados, reclamando dos “requebros indignos de entrar em casa de família”. Imediatamente, Chateaubriant deu a ordem: Os requebros foram substituídos pela imagem de Dom Pedrito, responsável pelo batuque. Rayito de Sol foi mostrada a distância. “A família Whitaker manda”, relembra Dermival Costa Lima.


- Em 1953, Yolanda Braga tornou-se a primeira protagonista negra da TV brasileira em "A Cor da sua Pele", outra novela da Tupi.

- Portanto, depois de um atraso de uma hora pelo estrago de uma das 3 câmeras, seria oficialmente às 21 horas, mas foi as 22:00h, a atriz Yara Lins anunciou que a emissora estava começando seus trabalhos. E esse começo tinha a importante execução de um hino especialmente criado para o evento, o hino da televisão, com letra de Guilherme de Almeida e música de Marcelo Tupinambá:

 “Vingou como tudo vinga
No teu chão Piratininga
A cruz que Anchieta plantou

Pois dir-se-á que ela hoje acena,
Por uma altíssima antena
Em que o Cruzeiro posou
E te dá, num amuleto,

O vermelho, o branco e o preto
Das contas do teu colar.
E te mostra num espelho,
O preto, o branco e o vermelho
Das pernas do teu cocar.”

- Hino da TV, coube a Hebe Camargo cantar essa pérola do cancioneiro, mas ela não apareceu, alegando estar resfriada. Na verdade, algumas décadas depois, ela confessou que foi se encontrar com o seu amor, Luiz Ramos.
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Hebe Camargo
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Lolita Rodrigues
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E a apresentadora e atriz Lolita Rodrigues, entoou o hino. Ou seja, entre trancos e barrancos, a TV Tupi – o criador Assis Chateaubriand adorava índios – teve seu 1º dia no ar.
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Sede da TV Tupi, Urca - Rio de Janeiro
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- Os primeiros anunciantes: Sul América Seguros, Antártica e Moinhos Santista.

- A primeira novela: Sua Vida me Pertence (1951) com Walter Foster e Vida Alves.

- O primeiro beijo: na telenovela Sua Vida me Pertence entre os protagonistas (um beijo tipo "selinho").

- Uma das maiores audiências: Programa O Céu é o Limite, com J. Silvestre, nos anos 1970, com 84 pontos de audiência.

- Primeiro programa gravado: TV de Vanguarda (1958), só que não era possível editar.

- O improviso: Faltou fogo para queimar Joana D’Arc, na cena final da peça sobre a heroína francesa, apresentada no Grande Teatro Tupi no final da década de 1950. A produção armou uma fogueira fora do estúdio, mas a garoa paulistana apagou-a quatro vezes. O ator Xisto Guzzi, no papel do inquisidor, olhou para a atriz Maria Fernanda, no papel-título, e resolveu o problema: “Levem-na para a forca!”.

- Nos teleteatros: os figurinos eram trazidos de casa ou alugados pelos próprios atores (algo hoje inviável).

- As telenovelas: exibidas desde 1951, eram levadas ao ar duas vezes por semana, o que hoje seria inviável, pois as "donas de casa", quando vêem que ficou um capítulo para o dia seguinte, quase "infartam".

- Os telejornais: eram emitidos no horário nobre (os mais famosos). As reportagens eram feitas em condições precárias, em que utilizavam como fonte de informações, notícias recortadas dos jornais locais. Isso foi chamado humoristicamente de gilete-plus.

- As matérias externas: eram realizadas com câmeras de cinema, porque os equipamentos de TV, que eram grandes e pesados, não davam a possibilidade de uma locomoção mais ágil de coberturas diárias, que o telejornal tanto necessita. Apenas as transmissões de esportes usavam os equipamentos de TV.

- O IBOPE - Com toda a força iniciante da televisão, as agências publicitárias intensificaram as pesquisas de opinião para conhecer os hábitos de consumo dos telespectadores e qual era o melhor horário para veicular seus produtos. BINGO! Em 1954 foi criado o IBOPE, o qual fornecia a audiência, servindo assim para indicar aos anunciantes em qual horário seus produtos passariam.
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Sede da TV Tupi de São Paulo e o famoso mural da fachada - 1956
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A Venda de Aparelhos de TV
A um mês da inauguração da PRF-3-TV Tupy, um engenheiro da NBC, emissora de TV da RCA, veio a São Paulo supervisionar os preparativos, a estréia e as primeiras semanas da televisão no país.
Ao perguntar aos diretores da nova estação “quantos milhares de televisores haviam sido vendidos” à população da cidade até então, o profissional estadunidense recebeu uma palavra com resposta:

– Nenhum.

Para resolver esse problema a tempo, foram contrabandeados duzentos aparelhos de TV, sendo o segundo deles entregue, a pedido de Chateaubriand, ao presidente Dutra no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro (mesmo a cidade só vindo a ter sua primeira estação de TV quatro meses depois de São Paulo). O primeiro televisor do Brasil ele mandou entregar especialmente à Vera Faria, sua secretária particular em São Paulo.
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Durante os anos iniciais da televisão, poucos foram os receptores vendidos e eles estavam somente nas casas de famílias de altíssimo nível de instrução e renda (a marca de um milhão de televisores no Brasil só foi alcançada entre 1960 e 1962). Por isso, a programação das emissoras nesses primeiros tempos era dirigida a esse público. Teleteatros, seriados nacionais e internacionais, programas de variedades, telejornais e programas de entrevistas e eram as maiores atrações.

Em 1950, eram 200 aparelhos de TV, todos eles na cidade de São Paulo.
Em 1964, ano do golpe militar, esse número já era 8.315 vezes maior, ou seja, 1.660.000 televisores em todo o Brasil. Nos anos seguintes, esse número cresceria ainda mais aceleradamente, muito por causa do “milagre econômico” e de uma nova política de crédito criada pelo governo que permitia ao cidadão adquirir uma TV em 12, 24 ou 36 prestações. De produto de luxo, o televisor passou a ser um artigo de primeira necessidade presente na maioria dos lares brasileiros. Esse fenômeno incluiu um novo público, de menor instrução e renda. Fazer com que a TV chegasse a esse novo público passou a ser a grande preocupação dos executivos das redes de televisão na época. A Tupi, assim como todas as outras emissoras, esteve atenta a esse fenômeno e entrou numa nova fase, reforçando seus gêneros de maior audiência, ao mesmo tempo em que já começava a viver suas primeiras crises.
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O famoso rádio com imagens
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Pecados da Pioneira
Apesar do pioneirismo, não coube a TV Tupi, determinadas glórias.
- Pelo fato de não existir mais, não exibe o programa de maior permanência no ar, comandado pelo apresentador Silvio Santos (que está desde 1962 no ar e que já teve os mais variados títulos).
- Não coube a emissora exibir o primeiro seriado nacional (Capitão 7 da TV Record, exibido em 1954).
- Não coube a Tupi e sim a Excelsior, exibir a primeira novela diária da televisão brasileira, assim como também coube a Excelsior, exibir a mais longa telenovela ("Redenção", que durou de 1966 a 1968 com quase 600 capítulos).
- Também não foi a primeira a transmitir a cores, tampouco a primeira a exibir um tele-jornal em rede nacional via satélite em 1969 (mérito este conquistado na ocasião pela Rede Globo com o "Jornal Nacional").

TV Cultura
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Quando a TV Cultura, canal 2, foi lançada pelos Diários Associados, suas imagens interferiam no canal 3, onde a TV Tupi era sintonizada e vice-versa. Por essa razão, em 1960, a PRF-3 TV Tupi de São Paulo passou a ocupar o canal 4, onde ficaria até o fechamento em 1980.

As Cores na TV Tupi


Em 1949, na cidade de Nova Iorque, Chateaubriand acabava de pagar a primeira prestação da compra de trinta toneladas de equipamentos da RCA Victor para começar no Brasil o “Rádio com Imagens” ou “Cinema a Domicílio” (expressões dadas na época que tentavam explicar o que seria a TV, com imagens ainda em preto-e-branco). Assinados todos os enormes contratos, David Sarnoff, diretor da empresa estadunidense, convida o empresário brasileiro a viajar com ele para a fábrica da RCA em Burbank, Califórnia, para mostrar-lhe “uma surpresa especial”.
Logo ao chegarem, vão direto ao minúsculo auditório da empresa, onde Chatô começa a ver uma apresentação de jazz. Em Cores!

Surpreso, Chateaubriand pergunta a Sarnoff:

– Que bruxaria é essa?

Sarnoff explica que não se trata de bruxaria, mas apenas de uma nova tecnologia que eles vinham testando a algum tempo de transmissão em cores.
Para espanto de todos, Chatô abre a pasta, retira todas as cópias dos maços de contratos e os rasga em pedacinhos, esbravejando em inglês:

– Não pense que só porque eu vim de um país atrasado o senhor vem me vender equipamento obsoleto, senhor Sarnoff! Só aceito fazer negócio com a Victor se levar transmissores de televisão em cores para o Brasil.

Toda essa confusão fez com que, a partir daquele momento, David Sarnoff, além de mandar suas secretárias rebaterem todos os contratos de novo, tentasse convencer Chatô, de todas as maneiras possíveis, de aquilo era só um teste e demoraria um tempo ainda para a TV em cores estar disponível ao público (e isso era verdade, já que a TV colorida só começaria nos EUA dezessete anos depois).


Embora a história da primeira transmissão em cores seja outra, A TV Tupi de São Paulo já havia feito alguns testes com documentários, e importou na década de 1960 películas coloridas com episódios da série Bonanza, exibindo-as no sistema NTSC, e até a gravação de um discurso do presidente João Goulart, mas só alguns aparelhos de televisão importados na época comportavam este sistema.

Mas somente a partir de 1972 as principais emissoras brasileiras inauguraram oficialmente suas programações coloridas.
Oficialmente a primeira transmissão a cores da televisão brasileira foi a cobertura da Festa da Uva, em Caxias do Sul (RS) em 31 de março de 1972. O evento foi transmitido pela TV Difusora de Porto Alegre, via Embratel para todo país por diversas emissoras.

Em 31 de março de 1972, inaugura oficialmente as transmissões em cores na TV Tupi, Trecho do programa MAIS COR EM SUA VIDA, foi apresentado por Walter Foster e Cidinha Campos e teve a participação de grandes astros da MPB.
A fita com a gravação desse programa histórico foi encontrada casualmente durante os trabalhos de recuperação do que sobrou do acervo da TV Tupi, feitos pela TV Cultura, a Fundação Pró-Memória e a Cinemateca Brasileira, em 1990. Os trechos aqui disponíveis foram apresentados na série de programas apresentados pela TV Cultura, em 1990, por ocasião das comemorações dos 49 anos de TV no Brasil. O programa se chamava 40 ANOS DE TV, era apresentado por Júlio Lermer e era levado ao ar nas tardes de domingo.

A Memória Curta no Brasil
Muitas atrações da Tupi ficaram em nossa retina. Basta lembrar da série o "Vigilante Rodoviário", sob o patrocínio da Nestlé, com 38 capítulos produzidos.

Lembrar de Ayrton e Lolita Rodrigues faz nos perceber que coisas desta época ainda estão entre nós.
Ambos comandavam aos sábados, logo após o almoço, o programa "Almoço com as Estrelas". Ali levavam artistas que almoçavam entre uma canção e uma entrevista. Ayrton, por sinal, era ligado a uma gafe.
“Certa vez, ao levar o cantor Jair Rodrigues no programa, fez o seguinte comentário ao vê-lo almoçar: "Como você como, hein!".
A popularidade de Almoço com as Estrelas, as sábados ao meio-dia era dividido com os mesmos apresentadores no "Clube dos Artistas", levado ao ar com regularidade nas noites de sexta-feira.
O Clube dos Artistas também chegou a ser apresentado por Homero Silva e Cacilda Lanuza.
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Outro apresentador com a cara da Tupi era Flávio Cavalcanti. O seu programa "Um Instante Maestro" marcou época e revelou vários talentos para o meio artístico. Flávio era sério e polêmico. Falava duramente, e, da mesma forma criticava lançamentos fonográficos. Tinha seu corpo de jurados famosos da época o costureiro Denner e  maestro Erlon Chaves.

Poucos lembram, mas foi a Tupi quem exibiu pela primeira vez os três primeiros filmes da Série 007. Exibiu o "Satânico Dr. No" em 1974, "Moscou Contra 007" em 1975 e "007 Contra Goldfinger" em 1977. Como a emissora fechou em 1980, a partir dos anos 80 a Rede Globo reapresentou estes três filmes e prosseguiu com a exibição da série.

Em termos de séries de TV, casos representativos para a TV Tupi foram as exibições de "Bonanza" e o "Fugitivo".
Bonanza, foi produzida nos Estados Unidos entre 1959 e 1973, tendo conseguido a façanha de acumular 430 episódios, todos coloridos. A Tv Tupi exibia a série em preto e branco aos sábados as 21h. Era um programa familiar, sagrado, que ninguém perdia. Tipo da coisa típica de uma época em que o brasileiro reunia a família na sala por gostar de ver o dia a dia de um velho viúvo e solitário que comandava uma fazenda tendo apenas a companhia de três filhos homens, muito bom mesmo para os dias de hoje, século XIX.
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O Fugitivo, era apresentado nas noites de segunda-feira as 20h. A trama é sobre um médico chamado Richard Kimble, acusado injustamente de ter assassinado a própria esposa. Condenado, está sendo levado ao presídio num trem algemado ao lado do tenente de polícia, quando o destino conspira a seu favor; o trem sai dos trilhos e ele consegue escapar do cumprimento da sentença de morte. Ao longo de quatro anos de produção (1963/67), Kimble procura pelo verdadeiro culpado - o homem de um braço só, que ele viu saindo de sua casa na noite do crime. Cada episódio mostrava Kimble numa diferente localidade envolvendo-se com pessoas de diferentes aspectos. Na semana de 13 a 19 de junho 1966, o Ibope deu para O Fugitivo o primeiro lugar em audiência em São Paulo, vencendo concorrentes como "Corte Rayol Show", "Hebe" e "Jovem Guarda" (da Record) e a telenovela "Almas de Pedra" (da Excelsior).
O último episódio de O Fugitivo deu novamente para a Tupi enorme audiência, já que nele o médico consegue provar sua inocência. No original, só a última temporada de O Fugitivo é colorida. A Tupi, no entanto, exibiu a série inteira em preto e branco.

Ao contrário do que se possa pensar, a Tupi não tinha tradição em mostrar grandes seriados. Sabe-se que seu forte estava mais em longas. Mas tinha algo peculiar, como reprisar durante a semana, em plena década de 1970, já em cores, a série “Jornada nas Estrelas” na parte da tarde. O seriado havia sido exibido na década de 1960 pela TV Excelsior, sem grande repercussão.
A emissora também exibiu Viagem ao Fundo do Mar, O Marcado, Danger Man, O Valente do Oeste, Os Intocáveis, O Homem de Virgínia, Disneylândia, Banana Splits e Papai Sabe Tudo.
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Foi também a TV Tupi a grande lançadora de desenhos animados como A Pantera Cor de Rosa e O Inspetor, assim como a série estrelada por macacos chamada de Lancelot Link.
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Com seu impecável uniforme de aeronáutica, capacete de piloto com duas asinhas desenhadas, óculos de lentes negras e diversas medalhas, lá estava o "Capitão Aza". Wilson Vianna bradava o refrão de abertura de seu programa:
"Alô, alô Sumaré! Alô, alô Embratel! Alô, alô IntelSat 4! Alô, alô criançada do meu Brasil! Aqui fala o Capitão Aza, comandante-chefe das forças armadas infantis desse Brasil!".
Programa diário, de segunda a sexta, que ficou no ar durante 14 anos, apresentando desenhos animados como Corrida Maluca e Speed Racer e séries como A Feiticeira e Jeanne é um Gênio.
A partir de 1972 a emissora lanço uma sessão de fim de noite chamada "Série de Ouro". Nela, a intenção era reprisar grandes séries de passado recente. Em um espaço de dois anos passaram as atrações: Alma de Aço, O Agente da UNCLE, A Garota da UNCLE, além de Mannix (que chegou a ser exibido em cores).
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- A apresentadora Ana Maria Braga chegou a ser apresentadora de tele-jornal na emissora.
- O comediante Costinha, o cantor Moacir Franco e o humorista Chico Anísio chegaram a ter programas próprios em horário nobre.
- O programa "Pinga Fogo" marcava o final da noite de sexta-feira com entrevistas dos mais variados segmentos.

É necessário acrescentar que em termos de futebol a emissora era realmente nota 10. Um dos mais famosos programas do início dos anos 1970 era o "Redação Esportes", comandado por Walter Abrahão de segunda a sexta, por volta das 12h. Ele era o chefe de uma equipe que incluía Sergio Backlanos, Eli Coimbra, Gerdi Gomes e Geraldo Bretas. As transmissões de futebol eram recheadas de bom humor. Abrahão que depois enveredou pela carreira pública e que hoje reside no bairro da Casa Verde em São Paulo, é o único remanescente dessa equipe sem nenhum sobrevivente, já que os demais faleceram. No domingo as 23h entrava no ar o esportivo "Ataque e Defesa", sob o comando de Rui Porto, com gols do final de semana.

Novela sempre foi um detalhe a parte na TV Tupi. Da Tupi saíram grandes nomes que estão na ativa e por muito tempo foram rechaçados pela Rede Globo pelo fato de não possuírem o tal "padrão de qualidade".
Lembrar de todos é uma missão quase impossível, mas ficaram marcados os nomes de:
Juca de Oliveira, Rubens de Falco, Toni Ramos, Denis Carvalho, Adriano Reis, Gianfrancesco Guarnieri, Sérgio Cardoso, Carlos Zara, Carlos Augusto Strazzer, Antonio Fagundes, Flávio Galvão, Walter Foster, Hélio Souto, Lima Duarte, Luiz Gustavo, Carlos Alberto, Carlos Alberto Ricelli, Othon Bastos, Henrique Martins, Altair Lima ...

Eva Wilma, Maria Izabel de Lizandra, Jussara Freire, Irene Ravache, Elaine Cristina, Vida Alves, Fernanda Montenegro, Nathália Timberg, Ioná Magalhães, Bruna Lombardi, Bete Mendes, Isabel Ribeiro, e tantos outros que protagonizaram sucessos como "O Direito de Nascer", "Beto Rockfeller", "Antonio Maria", "Nino - O Italianinho", "O Machão", "Mulheres de Areia", "O Julgamento", "A Viagem", "O Profeta", "Calúnia", "Gaivotas", "Éramos Seis", "Cinderela 77", "Aritana", entre outros.

Obtenha mais informações sobre as novelas da TV Tupi em: www.teledramaturgia.com.br.
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Chatô em frente as câmeras - 1968
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Conclusão
A longa crise dos Diários Associados já havia começado bem antes da morte de Assis Chateaubriand, em 4 de abril de 1968. Abalada por problemas financeiros, mau administrada, sem investimentos, a Tupi perde qualidade e audiência.

Em 1972, a Rede Tupi de Televisão começa a ser formada. Houve várias divergências sobre qual canal seria a "cabeça da rede": o canal 4 paulistano ou o canal 6 carioca. Houve duas tentativas para que ambas comandassem a Rede Associada.
- Na primeira, a estação carioca comandaria as emissoras do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, enquanto que a emissora de São Paulo controlaria os canais do Sul e Sudeste.
- Na segunda, a Tupi paulista ficaria responsável pela produção de telenovelas, e a Tupi do Rio de Janeiro se encarregaria pelos shows e programas de auditório.
Mas as duas idéias não vingaram, e a rixa entre as diretorias das duas estações agravaram a situação da Tupi.
O único ponto positivo nestas duas tentativas foi que a Tupi foi a primeira Rede de Televisão da América Latina a possuir duas cabeças geradoras de programação.

As emissoras concorrentes vão ocupando os espaços vazios deixados pela pioneira. Ano após ano, a crise se aprofunda. E com a Rede Globo impondo seu domínio, a Tupi se enfraquece.
Ainda assim, a emissora pioneira consegue emplacar sucessos na década como "Mulheres de areia" (1973), "Meu Rico Português" (1975) e "A Viagem" (1975).

No fim dos anos 70 a situação piora. Os salários atrasam cada vez mais. Há dívidas astronômicas junto à Previdência Social. Proliferam muitos escândalos financeiros.
Em agosto de 1977, no ar "Éramos seis", "Cinderela 77" e "Um Sol Maior" registravam os mais baixos índices de audiência da história do canal. Além da audiência, a publicidade também escapolia para as concorrentes, o caixa se esvaziava, os salários deixavam de ser pagos e a greve era questão de tempo.

Em outubro de 1977, com três meses de salários atrasados, os funcionários iniciaram a primeira greve, mas ela é interrompida com o pagamento parcelado dos débitos.


Como resposta a grande concorrência, a Rede Tupi inaugurou o Telecentro, moderna central de produções em São Paulo que gerava grande parte dos programas apresentados em rede nacional. Esse Telecentro chegou a ser comandado, por pouco tempo, por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, sendo esse o último cargo que ele ocupou antes de juntar-se a Walter Clark no comando da Rede Globo.

Mesmo com todos os movimentos par contornar os problemas, a Rede Tupi não consegue sair da crise, que continua a se agravar cada vez mais. Durante todo o primeiro semestre de 1980, os salários permaneceram atrasados, mais demissões aconteceram e as greves e manifestações de funcionários por todo o país se intensificaram.
Em São Paulo, a TV Tupi, juntamente com as rádios Difusora e Tupi/SP, além do “Diário da Noite” e do “Diário de S. Paulo”, entram com pedido de concordata.

Toda essa história chega a seu melancólico final quando equipes do DENTEL foram à sete emissoras Associadas para efetuar a lacração dos seus transmissores. A TV Tupi, canal 4 da capital paulista, a primeira TV em língua portuguesa do mundo e a pioneira do Brasil, da América do Sul e do Hemisfério Sul, foi a também a primeira a ser retirada do ar, e isso aconteceu sem haver nenhum tipo de resistência, pois os funcionários já estavam em greve.

O Fim da Pioneira
Os constantes atrasos dos salários mantinham o clima tenso na emissora pioneira. As perspectivas de pagamento dos atrasados eram cada vez mais remotas e as explicações dadas aos funcionários, cada vez mais inconsistentes. Para piorar ainda mais a situação, em outubro de 1978 um incêndio no prédio da emissora, em São Paulo, tirou a Tupi do ar por alguns minutos e destruiu os novos equipamentos adquiridos pela emissora no mesmo ano, e que nem chegaram a entrar em funcionamento.
Ainda em 1978, iniciou a construção de sua nova antena transmissora, que seria a maior torre de TV da América do Sul (essa torre seria concluída pelo SBT alguns anos depois).
Em 1979, o elenco de "O Espantalho", de Ivani Ribeiro (uma produção dos Estúdios Silvio Santos feita em 1977), processou a Tupi por não pagar os direitos conexos aos atores que trabalharam na trama.
Entre 1979 e 1980, nova greve. A crise chegou a Brasília. O então presidente da República, João Figueiredo, se dispôs a receber uma comissão de dirigentes dos sindicatos envolvidos. Muito se discutia e pouco se fazia.

A greve persistiu até o início de fevereiro de 1980, quando a emissora fechou seu departamento de dramaturgia e dispensou os 250 funcionários que trabalhavam nesse setor. Foram interrompidas as novelas "Drácula", que só teve 4 capítulos exibidos, e "Como Salvar Meu Casamento" (com Nicete Bruno e Adriano Reis), a 20 episódios de seu desfecho. Além disso, outra trama, "Maria Nazaré" estava em fase de pré-produção e 32 cenas já estavam gravadas na época, mas não chegou a entrar no ar.
Para substituir a novela "Drácula", foi colocada a reprise da novela "A Viagem", mas a mesma terminou inacabada.
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29 Anos e Dez Meses Depois
No último ano da Tupi, em 1980, os profissionais da Tupi fizeram uma grande festa de 25 anos dos dois programas apresentados pelo casal. Foi uma festa enorme, com direito à homenagens e recordações dos primeiros programas de Aírton e Lolita.

Em 16 de julho de 1980, apenas dois meses antes de completar 30 anos no ar, a Rede Tupi tem 7 de suas 10 concessões declaradas peremptas (termo jurídico que significa "não-renovável") pelo Governo Federal, a decisão foi publicada no Diário Oficial, no dia seguinte. Minutos antes do meio dia de 18 de julho de 1980, três engenheiros do Departamento Nacional de Telecomunicações (Dentel) subiram ao décimo andar do edifício-sede da TV Tupi de São Paulo, na avenida Professor Alfonso Bovero, nº 52, no bairro do Sumaré, e lacraram os transmissores. Saíam também do ar a TV Tupi do Rio, a TV Itacolomi de Belo Horizonte, a TV Marajoara de Belém, a TV Piratini de Porto Alegre, a TV Ceará de Fortaleza, e a TV Rádio Clube do Recife.


Durante a manhã do dia 18 de julho de 1980, o processo de lacração da prosseguiu em outros pontos do país: às 9h20min foi a vez da TV Marajoara – Belém/PA; às 10h27min, TV Itacolomi – Belo Horizonte/MG; às 10h50min, TV Rádio Clube – Recife/PE; às 11h19min, TV Ceará – Fortaleza/CE e às 11h55min, TV Piratini – Porto Alegre/RS.

Um delegado da Polícia Federal e mais quatro agentes davam proteção aos engenheiros. Era o fim da Tupi. A emissora saía do ar exatamente 29 anos e dez meses depois de sua inauguração.

Das sete concessões declaradas peremptas, a última que saiu do ar foi a TV Tupi do Rio de Janeiro.
Em 17 de julho de 1980, os funcionários da estação iniciaram uma vigília de 18 horas, comandada pelo apresentador Jorge Perlingeiro, com o objetivo de impedir que o canal fosse fechado.
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Várias personalidades, como o cantor Agnaldo Timóteo e o humorista Costinha deram apoio aos funcionários. Mas nada adiantou.
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O momento mais dramático ocorreu na TV Tupi do Rio de Janeiro, canal 6. Foi organizada uma vigília que permaneceu no ar, ao vivo, durante quase vinte e quatro horas e que foi transmitida também para as afiliadas ainda restantes da Rede (com a greve de São Paulo, o Rio tornou-se a cabeça, ou seja, emissora geradora da programação nacional). Nessa maratona, foram proferidas pelos funcionários (e também por suas esposas) as mais variadas e desesperadas mensagens de apelo ao presidente Figueiredo, chegando ao ponto de se proporem a trabalhar sem receber pelo tempo que fosse necessário apenas para impedir que a emissora saísse do ar. O apoio recebido dos telespectadores encheu os funcionários de esperança, mas não foi suficiente para evitar o fim: 
às 12h33min de 18 de julho de 1980, após a reprise da missa realizada naquele ano pelo Papa João Paulo II no Aterro do Flamengo, seguida do choro dos cerca de 200 funcionários que lotavam os estúdios da Tupi no Cassino da Urca, o locutor Cévio Cordeiro leu, emocionado, um último apelo ao presidente da República,  ao final, entra no ar o slide com o último símbolo da emissora "Rede Tupi de Televisão” e, logo que os cristais dos transmissores são retirados, a televisão pioneira sai do ar.o sinal da Tupi do Rio era definitivamente cortado.
Durante o vídeo e a mensagem citados, os funcionários puseram na tela os dizeres:
"Até Breve, Telespectadores Amigos. Rede Tupi".
E, ao fim, aparecia o logotipo da TV Tupi.




Uma das frases mais marcantes no dia do fechamento foi:


"Nos deixe Trabalhar".
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Exatamente dois meses antes de completar trinta anos no ar, a Rede Tupi de Televisão fechava as portas. Agora, começava uma intensa batalha envolvendo os funcionários desempregados, o governo e grandes grupos empresariais interessados em entrar no ramo de televisão, como Abril, Jornal do Brasil (em sociedade com Walter Clark), Rádio Capital, Maksoud, Grupo Visão e Rede Rondon.

Após muita disputa, essa guerra se encerraria no dia 19 de agosto de 1981, com o anúncio dos dois grupos vencedores dessa concorrência: Silvio Santos (que, de forma inédita no mundo, no mesmo dia em que assina a concessão coloca as mesmas em funcionamento, inaugurando o Sistema Brasileiro de Televisão – SBT) e Bloch (que somente no dia 5/6/1983 iria estrear sua rede, a Manchete).

Os problemas que foram enfrentados pela Tupi durante a sua trajetória não foram capazes de impedi-la de conquistar o carinho do público brasileiro e escrever, graças ao talento e a genialidade dos seus fantásticos profissionais, muitas das mais belas páginas da história da televisão brasileira.
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Permanece, entretanto, um acervo de duzentos mil rolos de filmes, 6.100 fitas de vídeo tapes e textos de telejornais que contam 30 anos de muitas histórias do Brasil e do Mundo.

Terminava assim a primeira emissora de televisão do Brasil e da América Latina.

Divisão do Ativo da Tupi
Após o fechamento da TV Tupi em São Paulo, o governo federal passou o ativo da emissora para empresários a fim de formalizar um lobby com o governo militar.

Neste jogo, estava no páreo o Grupo Abril, a TVS (atual SBT) e o Grupo Bloch . Como na época a Revista Veja estava incomodando o governo com críticas, eles decidiram passar uma nova licença do canal 4 paulistano para a TVS, o canal 6 carioca para o Grupo Bloch e os outros ativos da emissora "prédio, equipamentos e outro canal não utilizado" para o Grupo Abril, toda está história pode ser conferida no documentário britânico “Muito Além do Cidadão Kane”.

Atualmente o prédio da emissora é a sede da Abril Radiodifusão, que gera o canal MTV Brasil.
Apesar de não conseguir a licença do canal 4 em VHF, necessário para realizar o projeto de criação de sua rede de televisão, depois de algum tempo o Grupo Abril conseguiu o seu canal em UHF. Após conseguir seu canal próprio, e com a maturidade da MTV Brasil no mercado, a Abril Radiodifusão efetuou em 2003 o pedido de várias licenças de RTV (retransmissão de canal) em várias localidades do país.

Este é um resumo a ser lembrado. Mas é uma decepção a TV Tupi não estar mais entre nós, principalmente por ser a pioneira, com sigo foi a história e a tradição de um veículo pioneiro, que grandes contribuições estariam dando hoje ao país ao seu povo. A Tupi sempre foi mal administrada, concebida sem concorrência, teve seu auge na década de 1950, sofreu grande concorrência na década de 1960, época revolucionária onde a audiência era pulverizada, nos anos 1970 em constante crise, chegando no início da década de 1980 a falir.

Com a TV Tupi foi a tradição de um ambiente restrito ao prédio onde ficava localizada na avenida Alfonso Bovero, bairro do Sumaré em São Paulo. Acabou-se o tempo em que astros e estrelas da emissora aproveitavam intervalos de trabalho para se reunir e comer algo na esquina onde se localiza até hoje a "Padaria Real".
Além da Saudade, ficou um acervo de 200 mil rolos de filmes, 6,1 mil de vídeo-tape e textos de tele-jornais que contam 30 anos de muitas histórias do Brasil e do Mundo.
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A Briga na Justiça contra o 
Governo Federal

Os Diários Associados ganharam na Justiça em 1998, a ação indenizatória contra o Governo Federal, e terão de ser indenizados pela intervenção que resultou na perda de 5 dos 7 canais das Emissoras Associadas, que não enfrentavam dificuldades financeiras na época. Somente a TV Tupi de São Paulo e a TV Tupi do Rio estavam com salários atrasados. No caso do canal 6 carioca, boa parte de suas contas eram pagas pela Super Rádio Tupi do Rio, uma vez que a rádio e a TV faziam parte da mesma razão social (S/A Rádio Tupi). 
Na época, a lei previa que o governo federal teria de nomear um interventor para assumir a administração das empresas em dificuldades, afastando com isso os seus controladores, que a levaram a crise que estavam enfrentado, e somente em caso de falência, que não houve, é que caberia a decisão que foi tomada, o que não era o caso da TV Tupi de São Paulo, e nem da TV Tupi do Rio, pois seus patrimônios, imóveis, equipamentos, instalações, etc., cobriam as dívidas existentes.
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